primavera sound em converseta - pt. I
Dia 27, o aquecimento. Como já sabem, este ano a nossa edição do Primavera Sound começou mais cedo, aproveitando as férias para fazer também algum turismo pela bela cidade de Barcelona (um dia destes, talvez vos faça aqui um pequeno roteiro das nossas aventuras e desventuras).
Após quatro dias de Ciutat Vella, Eixample e cenas de sexo ao vivo na viela para onde dava a varanda do nosso quarto de hotel, era finalmente chegada altura do tão ansiado sexo, drogas e rock n' roll. Iria começar devagarinho, já que, nessa noite, eram apenas dois os motivos de interesse: Zu e Dälek.
Com esse fito, lá nos dirigimos à Sala Apolo, situada na já nossa conhecida Avinguda Paral·lel. Chegados ao nosso destino, logo tivémos conhecimento que os concertos tinham sido atrasados. Perfeitamente compreensível, uma vez que era dia de jogo grande - era isso ou ter as bandas a actuar perante uma plateia vazia. Aproveitámos então para acabar de ver a bola num tasco ali perto e beber uma caña San Miguel (foi a única cerveja que bebi durante esses cinco dias... Sim, é esse o poder repelente dessa espécie de mijo de burro que dá pelo nome de Estrella Damm!). O resultado foi feliz para os adeptos da equipa catalã, e também para nós, que tínhamos adoptado o Barça como equipa do coração ("... e que se foda o madeirense!"). A euforia/histeria rapidamente se espalhou pelas ruas, mas estava na hora de regressar ao que ali nos tinha levado naquela noite.
De volta à Sala Apolo, que em muito me fez lembrar a nossa Caixa Económica Operária, ainda se aguardava a entrada em palco dos Dälek. Coisa que não demorou muito. Confortavelmente instalados ao lado do dito palco, tivémos o previlégio de assistir a uma sólida demonstração daquilo que o hip-hop deveria ser, mas raramente é. Há aqui todos aqueles maneirismos estudados, mas, para além disso, há uma qualidade cada vez mais rara no genéro, uma mensagem muito própria que não tem absolutamente nada que ver com o banal bitchez & bling-bling. E há aquela atmosfera densa, sufocante e soturna que faz dos Dälek um caso à parte, um outsider no meio. Primus inter pares. Sem dúvida, um grande concerto.
Seguir-se-iam no cardápio os Zu. As expectativas eram elevadíssimas. Afinal, eram, quanto a nós, um dos argumentos de peso do cartaz deste Primavera. E é com grande júbilo que digo que a prova foi mais que superada! Actuação poderosíssima, em que não falhou absolutamente nada - a mestria técnica dos italianos é verdadeiramente impressionante - e em que o noise, o free-jazz e toda espécie de sonoridades mais ou menos extremas, mais ou menos vanguardistas, surgiam lado a lado em incrível harmonia. Direito houve ainda a uma pequena-grande cereja no topo do bolo, na forma da interpretação conjunta de um tema com os Dälek. Irrepreensível! Sorriso de orelha a orelha estampado nas nossas faces à saída da Apolo, e estava assim feito um dos melhores concertos do 'nosso' festival. E logo no primeiro dia!
Posto isto, optámos por regressar à base, já que os próximos três dias se adivinhavam extenuantes. Decisão essa que se veio a mostrar muito assisada, já que as explosões que mais tarde se fizeram ouvir na Rambla, onde estávamos instalados, mais nos fizeram lembrar uma qualquer zona de guerra do que, propriamente, um local adequado a festejos de rua.
No próximo capítulo: Dia 28, o noise.
Após quatro dias de Ciutat Vella, Eixample e cenas de sexo ao vivo na viela para onde dava a varanda do nosso quarto de hotel, era finalmente chegada altura do tão ansiado sexo, drogas e rock n' roll. Iria começar devagarinho, já que, nessa noite, eram apenas dois os motivos de interesse: Zu e Dälek.
Com esse fito, lá nos dirigimos à Sala Apolo, situada na já nossa conhecida Avinguda Paral·lel. Chegados ao nosso destino, logo tivémos conhecimento que os concertos tinham sido atrasados. Perfeitamente compreensível, uma vez que era dia de jogo grande - era isso ou ter as bandas a actuar perante uma plateia vazia. Aproveitámos então para acabar de ver a bola num tasco ali perto e beber uma caña San Miguel (foi a única cerveja que bebi durante esses cinco dias... Sim, é esse o poder repelente dessa espécie de mijo de burro que dá pelo nome de Estrella Damm!). O resultado foi feliz para os adeptos da equipa catalã, e também para nós, que tínhamos adoptado o Barça como equipa do coração ("... e que se foda o madeirense!"). A euforia/histeria rapidamente se espalhou pelas ruas, mas estava na hora de regressar ao que ali nos tinha levado naquela noite.
De volta à Sala Apolo, que em muito me fez lembrar a nossa Caixa Económica Operária, ainda se aguardava a entrada em palco dos Dälek. Coisa que não demorou muito. Confortavelmente instalados ao lado do dito palco, tivémos o previlégio de assistir a uma sólida demonstração daquilo que o hip-hop deveria ser, mas raramente é. Há aqui todos aqueles maneirismos estudados, mas, para além disso, há uma qualidade cada vez mais rara no genéro, uma mensagem muito própria que não tem absolutamente nada que ver com o banal bitchez & bling-bling. E há aquela atmosfera densa, sufocante e soturna que faz dos Dälek um caso à parte, um outsider no meio. Primus inter pares. Sem dúvida, um grande concerto.
Seguir-se-iam no cardápio os Zu. As expectativas eram elevadíssimas. Afinal, eram, quanto a nós, um dos argumentos de peso do cartaz deste Primavera. E é com grande júbilo que digo que a prova foi mais que superada! Actuação poderosíssima, em que não falhou absolutamente nada - a mestria técnica dos italianos é verdadeiramente impressionante - e em que o noise, o free-jazz e toda espécie de sonoridades mais ou menos extremas, mais ou menos vanguardistas, surgiam lado a lado em incrível harmonia. Direito houve ainda a uma pequena-grande cereja no topo do bolo, na forma da interpretação conjunta de um tema com os Dälek. Irrepreensível! Sorriso de orelha a orelha estampado nas nossas faces à saída da Apolo, e estava assim feito um dos melhores concertos do 'nosso' festival. E logo no primeiro dia!
Posto isto, optámos por regressar à base, já que os próximos três dias se adivinhavam extenuantes. Decisão essa que se veio a mostrar muito assisada, já que as explosões que mais tarde se fizeram ouvir na Rambla, onde estávamos instalados, mais nos fizeram lembrar uma qualquer zona de guerra do que, propriamente, um local adequado a festejos de rua.
No próximo capítulo: Dia 28, o noise.