declaração de intenções

No século XV, quando navegadores portugueses (re)descobriram o arquipélago dos Açores, viram um grande número de aves que julgaram então ser açores. Na realidade, e aqui as opiniões são divergentes, tratava-se de uma qualquer outra ave de rapina, de pombos torcazes ou mesmo de uma das várias espécies de aves marinhas que abundam nas ilhas (convenha-se que a ornitologia ainda não era o que é hoje). Mas açores não eram concerteza, uma vez que nos Açores não há nem nunca houve açores. O nome ficou.
De volta ao século XXI, os erros de observação, as más interpretações, os mal-entendidos continuam a pontuar o nosso percurso. Neste caso foi só o nome do arquipélago que viu nascer a minha mãe e a mãe da minha mãe. Nada de grave, que a palavra até se presta a uma toponímia bastante interessante.

Mas quantas vezes por uma palavra mal compreendida deitámos tudo a perder? Por um gesto, um olhar mal interpretado fizemos algo de que ainda hoje nos arrependemos amargamente? E se a voz que nos diz “Vai, arrisca! Os sinais estão a teu favor.” nos quiser realmente magoar? Não seremos nós então uma multidão de masoquistas esquizofrénicos?…Bom, isto já são outras estórias.


Eu já tive uma coisa deste género. Um diário online, isto é. Mas na altura era bem mais miúda. Bem mais chata, imatura, desequilibrada, inconsequente e desinteressante do que aquilo que sou hoje. Ou, pelo menos, gosto de pensar que assim é (provavelmente nem é, eu é que engano muito melhor).

Não vamos então cometer os mesmo erros do passado. Vamos antes cometer uma série de erros totalmente novos e refrescantes. Vamos chamar-lhes nü-errors.

Aqui partilharei algumas reflexões e pensamentos avulsos acerca de tudo e mais alguma coisa. Sobre mim e sobre os outros, sobre o passado e sobre o futuro, sobre arte e sobre a roulotte que vende sandes de couratos ali no Colégio Militar, sobre política e sobre a cor do verniz das unhas da vizinha do 3º direito, sobre a crise e sobre a abundância. Sobre coisas sérias e sobre coisas sem o mínimo interesse, sobre coisas que dão para rir e sobre coisas que dão para chorar. E cada um interpreta o que aqui ler como melhor lhe aprouver.



Adenda: A bem da ‘verdade dos factos’, devo acrescentar que uma teoria mais credível para a origem do nome Açores aponta para uma adaptação ao português da palavra italiana
azzurre (azuis, que era a designação genovesa ou florentina das míticas ilhas azuis). Mais um erro comum, portanto.

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