a cena bifa e a cena gringa
Comigo as coisas não vivem só de música nova. Por vezes é também necessário regredir uns anos e voltar a pegar naqueles diamantes em bruto que se encontram para ali perdidos no meio de uma das minhas estantes para CDs, cuja lotação já esgotou há muito.
Os bob tilton são um dos nomes maiores e mais queridos da chamada cena emocore britânica de meados dos anos 90, que juntamente com bandas como os Schema, Baby Harp Seal, Tribute, Spy vs. Spy, entre outras, deram o mote para tudo o que viria a ser feito desde então, dentro desse espectro, no Velho Continente.
Enquanto nos Estados Unidos se assistia a uma explosão de um certo emo de cariz mais college rock, feito de melodias acessíveis e luminosas (digeríveis?), refrões orelhudos, vozes cândidas, quase assexuadas até, e com uma produção primorosa que, a espaços, chegava a ser sufocante (vide The Get Up Kids, Promise Ring, Texas Is the Reason, Sense Field, etc.), na Grã-Bretanha o monstro assumia uma forma totalmente diferente. Era a prevalência da substância sobre a forma.
Nascidos em 1993 na cidade de Nottingham, os bob tilton não optaram pelo caminho mais fácil do emo-chora-chora para agradar a jovens colegiais (não me interpretem mal, eu continuo a adorar os primeiros trabalhos dos gringos supracitados, talvez pela frescura que eles então apresentavam). Ao invés, criaram uma identidade muito própria, em que sobrepunham às características melodias emo camadas de dissonância e cacofonia, complementadas com letras bem mais maduras e complexas, muito para além da fórmula-chavão “a minha namorada deixou-me e eu agora vou chorar um bocadinho”. Tudo isto pontuado por uma atitude muito mais introspectiva e ponderada do que a dos seus homólogos transatlânticos (exceptuando os gringos Braid, caP’n Jazz, Mineral, etc., que também assumiram uma toada mais indie, mais do meu agrado).
Assim, surgiu aquilo a que se convencionou chamar emo-indie, que, formalmente se aproxima muito mais da cena post-hardcore de Washington D.C., personificada na figura da editora Dischord, do que de qualquer outra coisa a que se possa chamar emocore.
Assim, surgiu aquele que é, em minha opinião, um dos estilos mais vitais e mais significativos dessa época.
E penso que a pergunta se eu sou do emo fica automaticamente respondida.
A recordar:
“Crescent” (1996, Southern)
“The Leading Hotels of the World” (1999, Southern)
Os bob tilton são um dos nomes maiores e mais queridos da chamada cena emocore britânica de meados dos anos 90, que juntamente com bandas como os Schema, Baby Harp Seal, Tribute, Spy vs. Spy, entre outras, deram o mote para tudo o que viria a ser feito desde então, dentro desse espectro, no Velho Continente.
Enquanto nos Estados Unidos se assistia a uma explosão de um certo emo de cariz mais college rock, feito de melodias acessíveis e luminosas (digeríveis?), refrões orelhudos, vozes cândidas, quase assexuadas até, e com uma produção primorosa que, a espaços, chegava a ser sufocante (vide The Get Up Kids, Promise Ring, Texas Is the Reason, Sense Field, etc.), na Grã-Bretanha o monstro assumia uma forma totalmente diferente. Era a prevalência da substância sobre a forma.
Nascidos em 1993 na cidade de Nottingham, os bob tilton não optaram pelo caminho mais fácil do emo-chora-chora para agradar a jovens colegiais (não me interpretem mal, eu continuo a adorar os primeiros trabalhos dos gringos supracitados, talvez pela frescura que eles então apresentavam). Ao invés, criaram uma identidade muito própria, em que sobrepunham às características melodias emo camadas de dissonância e cacofonia, complementadas com letras bem mais maduras e complexas, muito para além da fórmula-chavão “a minha namorada deixou-me e eu agora vou chorar um bocadinho”. Tudo isto pontuado por uma atitude muito mais introspectiva e ponderada do que a dos seus homólogos transatlânticos (exceptuando os gringos Braid, caP’n Jazz, Mineral, etc., que também assumiram uma toada mais indie, mais do meu agrado).
Assim, surgiu aquilo a que se convencionou chamar emo-indie, que, formalmente se aproxima muito mais da cena post-hardcore de Washington D.C., personificada na figura da editora Dischord, do que de qualquer outra coisa a que se possa chamar emocore.
Assim, surgiu aquele que é, em minha opinião, um dos estilos mais vitais e mais significativos dessa época.
E penso que a pergunta se eu sou do emo fica automaticamente respondida.
A recordar:
“Crescent” (1996, Southern)
“The Leading Hotels of the World” (1999, Southern)