i really, really wanted to believe...
"The X Files: I Want to Believe", de Chris Carter
Foi há precisamente duas semanas que o meu pequeno coraçãozinho nerd se quebrou. E se escrevo nestes termos, não o faço de ânimo leve. Eu, que pautei a minha adolescência e juventude pelo ritmo semanal dos episódios dos X Files nas noites da TVI (quando ainda se podia chamar à TVI um canal de televisão e não uma aberração), que me lembro do primeiro episódio da primeira temporada como se fosse hoje. Eu que, até há bem pouco tempo, apenas me dignava a considerar três intocáveis: Star Wars, X-Files e Stargate.
Até sou capaz de admitir que as últimas temporadas da série deixaram muito a desejar. Mas aquela misticazinha do desconhecido, do the truth is out there (somewhere) não me deixava despregar os olhos do ecrã. E, como é óbvio, ao saber que um novo filme estava na calha, as expectativas logo dispararam para a estratosfera.
Pois bem, é com grande pesar que me vejo forçada a afirmar que foi tudo em vão. Tanta expectativa, tanta fé na cinética Mulder-Scully para nada... Para nada não. Para me deparar com a monstruosidade que é este "The X Files: I Want to Believe".
Não há aqui uma única conspiraçãozinha governamental, um único alienígena (amigável ou não), um único jovem liceal com uma epistaxe vistosa, um homem-da-bílis, um shapeshifter ou um mísero lagarto-humanóide-mutante... Nem sequer um Cancer-Man que regresse dos mortos para salvar a honra do convento! Apenas a história mal-amanhada e desinspirada de um padre pedófilo (chamar a isto um cliché já é, em si, um cliché) que busca, desesperada e pateticamente, a redenção e que, nos entretantos, vai recebendo umas visões, que ele acredita serem enviadas pelo altíssimo - numa fantochada muito born-again christian para americano ver -, que o conduzem, bem como ao FBI em peso, a um médico/investigador/psicopata cuja grande contribuição para a ciência é ter criado a figura Lego humana e um cão com duas cabeças (numa uma única linha: por vezes, o inverosímil, de tão ridículo e rebuscado que é, acaba mesmo por se tornar irreal)... Sim, é só isto. Já podem ir embora... Ah, o Mulder e a Scully dão, não um, mais sim dois beijos, o que é aquele (anti-)clímax que aniquila por completo grande parte do encanto xfiliano (ainda por cima, no contexto da ignomínia que é esta película) e deita por terra toda e qualquer hipótese de voltar a ressuscitar condignamente esta saga num futuro mais ou menos distante, para lhe dar um final honroso, ao invés deste desconchavo.
Posto isto, resta-me apenas dizer que o Sr. Carter devia pensar duas vezes e ter um pingo de vergonha na cara antes de voltar a destruir os mitos pueris de alguém de uma forma tão vil. Tenho dito.
Foi há precisamente duas semanas que o meu pequeno coraçãozinho nerd se quebrou. E se escrevo nestes termos, não o faço de ânimo leve. Eu, que pautei a minha adolescência e juventude pelo ritmo semanal dos episódios dos X Files nas noites da TVI (quando ainda se podia chamar à TVI um canal de televisão e não uma aberração), que me lembro do primeiro episódio da primeira temporada como se fosse hoje. Eu que, até há bem pouco tempo, apenas me dignava a considerar três intocáveis: Star Wars, X-Files e Stargate.
Até sou capaz de admitir que as últimas temporadas da série deixaram muito a desejar. Mas aquela misticazinha do desconhecido, do the truth is out there (somewhere) não me deixava despregar os olhos do ecrã. E, como é óbvio, ao saber que um novo filme estava na calha, as expectativas logo dispararam para a estratosfera.
Pois bem, é com grande pesar que me vejo forçada a afirmar que foi tudo em vão. Tanta expectativa, tanta fé na cinética Mulder-Scully para nada... Para nada não. Para me deparar com a monstruosidade que é este "The X Files: I Want to Believe".
Não há aqui uma única conspiraçãozinha governamental, um único alienígena (amigável ou não), um único jovem liceal com uma epistaxe vistosa, um homem-da-bílis, um shapeshifter ou um mísero lagarto-humanóide-mutante... Nem sequer um Cancer-Man que regresse dos mortos para salvar a honra do convento! Apenas a história mal-amanhada e desinspirada de um padre pedófilo (chamar a isto um cliché já é, em si, um cliché) que busca, desesperada e pateticamente, a redenção e que, nos entretantos, vai recebendo umas visões, que ele acredita serem enviadas pelo altíssimo - numa fantochada muito born-again christian para americano ver -, que o conduzem, bem como ao FBI em peso, a um médico/investigador/psicopata cuja grande contribuição para a ciência é ter criado a figura Lego humana e um cão com duas cabeças (numa uma única linha: por vezes, o inverosímil, de tão ridículo e rebuscado que é, acaba mesmo por se tornar irreal)... Sim, é só isto. Já podem ir embora... Ah, o Mulder e a Scully dão, não um, mais sim dois beijos, o que é aquele (anti-)clímax que aniquila por completo grande parte do encanto xfiliano (ainda por cima, no contexto da ignomínia que é esta película) e deita por terra toda e qualquer hipótese de voltar a ressuscitar condignamente esta saga num futuro mais ou menos distante, para lhe dar um final honroso, ao invés deste desconchavo.
Posto isto, resta-me apenas dizer que o Sr. Carter devia pensar duas vezes e ter um pingo de vergonha na cara antes de voltar a destruir os mitos pueris de alguém de uma forma tão vil. Tenho dito.