o cúmulo do exagero
Recordam-se daquelas anedotas que se costumava contar nos nossos tempos de meninice, 'o cúmulo disto...', 'o cúmulo daquilo...', 'o cúmulo daqueloutro...'?
Pois bem, tenho uma nova:
"Qual é o cúmulo do exagero?"
"É o SXSW."
Se, nos últimos dias, têm conseguido escapar à histeria South by Southwest, e se até desconheciam por completo que este festival terminou ontem a sua edição de 2009, permitam-me que vos felicite do mais fundo do meu coração. Permitam ainda que manifeste a minha inveja relativamente às vossas pessoas... Rogo-vos: ensinem-me o vosso segredo!
Eu bem continuo a tentar, mas não consigo. Não haja dúvida que é um dos fenómenos mais invasivos e intrusivos, este dos grandes festivais... err, 'multimédia' norte-americanos. Todo o mundo gravita à volta deles no período em que decorrem, como se mais nada de relevante se passasse nesse espaço de tempo. Na internet, é o Stereogum, o Brooklyn Vegan, o The Tripwire, só para citar alguns, que lhe dedicam 24 sobre 24 horas do seu tempo, e os sites europeus, que não lhes querem ficar atrás, a apanhar a onda. E uma pessoa abre tranquilamente o seu Google Reader, e é com isto que se depara. Tanto SXSW a entrar pelos olhos adentro, que até mete nojo!
"E porque é que mete nojo?", perguntará o estimado leitor. Ora, eu passo a explicar com um exemplo: o Primavera Sound. Estive lá o ano passado, adorei e vou repetir este. É um grande festival? É sim senhor, em todos os aspectos. É tão grande como o SXSW? Claro que não! Mas vejamos as coisas à dimensão do Primavera: em três dias vi 39 concertos (cerca de 1/4 do total... seria 1/5?) e note-se que o 'ver' aqui algumas vezes se resumiu a dois ou três temas. Note-se ainda que o Primavera decorre num espaço físico confinado - relativamente extenso mas, ainda assim, confinado - ao contrário do SXSW, que tem lugar um pouco por toda a cidade de Austin, onde as distâncias são bastante mais vastas. Isto tudo para concluir que, no Primavera Sound, era-me fisicamente impossível ter conseguido ver mais concertos, não tanto pelo cansaço, mas mais porque as Leis da Física, pura e simplesmente, não me permitiam estar em dois locais ao mesmo tempo. Agora extrapolem isto para o universo de uma cidade, cinco dias e 1500 concertos, ou coisa que o valha... É informação a mais para um único ser humano processar! É um abuso! Um exagero! E já nem falo de algumas críticas que se têm ouvido ultimamente, que dizem que o SXSW é cada vez menos um festival para os fãs, e cada vez mais uma feira/mostra para os profissionais da indústria da música.
Como é óbvio, o SXSW continua a ser uma excelente oportunidade para ver muitas e interessantíssimas actuações. Mas teremos que ser muito selectivos e, ainda assim, corremos o risco de perder algo que queríamos realmente ver. Será que compensa? A meu ver, não. Peca por excesso.
Continuo na minha. É um exagero!
Pois bem, tenho uma nova:
"Qual é o cúmulo do exagero?"
"É o SXSW."
Se, nos últimos dias, têm conseguido escapar à histeria South by Southwest, e se até desconheciam por completo que este festival terminou ontem a sua edição de 2009, permitam-me que vos felicite do mais fundo do meu coração. Permitam ainda que manifeste a minha inveja relativamente às vossas pessoas... Rogo-vos: ensinem-me o vosso segredo!
Eu bem continuo a tentar, mas não consigo. Não haja dúvida que é um dos fenómenos mais invasivos e intrusivos, este dos grandes festivais... err, 'multimédia' norte-americanos. Todo o mundo gravita à volta deles no período em que decorrem, como se mais nada de relevante se passasse nesse espaço de tempo. Na internet, é o Stereogum, o Brooklyn Vegan, o The Tripwire, só para citar alguns, que lhe dedicam 24 sobre 24 horas do seu tempo, e os sites europeus, que não lhes querem ficar atrás, a apanhar a onda. E uma pessoa abre tranquilamente o seu Google Reader, e é com isto que se depara. Tanto SXSW a entrar pelos olhos adentro, que até mete nojo!
"E porque é que mete nojo?", perguntará o estimado leitor. Ora, eu passo a explicar com um exemplo: o Primavera Sound. Estive lá o ano passado, adorei e vou repetir este. É um grande festival? É sim senhor, em todos os aspectos. É tão grande como o SXSW? Claro que não! Mas vejamos as coisas à dimensão do Primavera: em três dias vi 39 concertos (cerca de 1/4 do total... seria 1/5?) e note-se que o 'ver' aqui algumas vezes se resumiu a dois ou três temas. Note-se ainda que o Primavera decorre num espaço físico confinado - relativamente extenso mas, ainda assim, confinado - ao contrário do SXSW, que tem lugar um pouco por toda a cidade de Austin, onde as distâncias são bastante mais vastas. Isto tudo para concluir que, no Primavera Sound, era-me fisicamente impossível ter conseguido ver mais concertos, não tanto pelo cansaço, mas mais porque as Leis da Física, pura e simplesmente, não me permitiam estar em dois locais ao mesmo tempo. Agora extrapolem isto para o universo de uma cidade, cinco dias e 1500 concertos, ou coisa que o valha... É informação a mais para um único ser humano processar! É um abuso! Um exagero! E já nem falo de algumas críticas que se têm ouvido ultimamente, que dizem que o SXSW é cada vez menos um festival para os fãs, e cada vez mais uma feira/mostra para os profissionais da indústria da música.
Como é óbvio, o SXSW continua a ser uma excelente oportunidade para ver muitas e interessantíssimas actuações. Mas teremos que ser muito selectivos e, ainda assim, corremos o risco de perder algo que queríamos realmente ver. Será que compensa? A meu ver, não. Peca por excesso.
Continuo na minha. É um exagero!