primavera sound em converseta - pt. IV
Dia 30, o psych. Mais de meio ano volvido sobre o término da edição de 2009 do Primavera Sound, e eis que finalmente me presto a terminar o relato de mais uma saga épica, no que ao Parc del Fòrum diz respeito, uma vez que ainda haveria uma prazenteira festa de despedida na Sala Apolo - mas isso será assunto para um outro, e último, capítulo desta epopeia.
Antes disso houve tempo ainda para uma estreia no Parc Joan Miró, onde decorrem alguns concertos de entrada livre integrados no Primavera Sound. A nossa missão consistia em presenciar ao vivo e a cores a uma das tão afamadas actuações dos Ponytail, já que não tínhamos tido oportunidade de os ver dois dias antes no fórum. Devo admitir que, neste caso, o hype é mais que justificado. A energia, jovialidade e boa disposição da vocalista Molly Siegel em particular (um pequeno duende saltitante, que aparenta ter qualquer coisa entre os 10 e os 13 anos), e dos restantes elementos da banda em geral são verdadeiramente contagiantes. E aquela sonoridade de cariz arty-esquizofrénico, aliada ao tempo quente e solarengo que se fazia sentir à hora de almoço, convidava à diversão despreocupada e ao movimento corporal espasmódico e descompassado. Um excelente aperitivo para abrir o apetite para os concertos da tarde. Refira-se ainda que este foi o nosso momento 'curtir a música com as estrelas' do festival, já que a Marniezinha também se encontrava lá pelo meio do público.
Posto isto, após dar uma volta pela zona de Montjuïc e reconfortar o estômago, as nossas duas personagens mitológicas preparam-se então para dar entrada no recinto do Monte Olimpo... Perdão, do fórum. O sol marcava as seis da tarde, mais coisa menos coisa, e o objectivo era o palco Pitchfork. Foi para aí que prontamente nos dirigimos, para assistir à prestação dos Shearwater. Se o ano passado tínhamos tido Okkervil River, este ano era a vez dos Shearwater, projecto de Will Sheff (actual Okkervil e ex-Shearwater) e de Jonathan Meiburg (actual Shearwater e ex-Okkervil) brilharem. E de que forma magnífica eles brilharam!, com as suas belíssimas melodias, ora delicadas, ora tempestuosas, capazes de suscitar em nós sentimentos profundos que nem sabíamos possuir, ou mesmo de comover os corações mais empedernidos. Um momento simultaneamente impressionante e compungente, e, sem dúvida, um fabuloso início de dia.
Mas, como é habitual nestas andanças, não pudemos ficar até ao final uma vez que estava na hora de zarpar rumo ao palco ATP para um dos concertos mais aguardados do dia: os Jesu. A coisa começou a meio-gás, mas foi melhorando à medida que Justin Broadrick e Diarmuid Dalton iam desfiando os seus temas, numa progressão crescentemente industrializada e monolítica, que acabou por me parecer bastante lógica e coerente. Por outro lado, se hora vespertina a que decorreu o concerto não ajudou à performance que Broadrick teria preparado, em minha modesta opinião, aquele quase-pôr-do-sol acabou por resultar numa experiência bastante agradável, apenas pouco habitual numa actuação de Jesu. Em suma, talvez não tenha sido o 'concerto ideal' da banda, mas certamente que não desiludiu.
De volta ao palco Pitchfork para uma visita de médico aos canadianos Plants & Animals. Indie rock com os olhos postos no passado, algumas influências folk e uma boa transposição para o palco, interessante q.b., ainda assim não o suficiente para nos prender a atenção durante muito tempo, já que o cansaço acumulado começava a fazer-se sentir, e pretendíamos ainda guardar uma réstia de energia para o grande momento do dia e, quiçá, desta edição do festival. E foi assim que fizémos algo que nunca julgámos possível durante um Primavera Sound: descansar, abancar na relva e esticar o corpinho na horizontal. Para o efeito escolhemos o suave declive relvado do fórum, com uma vista privilegiada sobre o mar e sobre o palco Estrella Damm. Foi daí que assistimos à prestação desse dinossáurio que dá pelo nome de Neil Young. Como nunca fui das maiores apreciadoras do trabalho de Young, acabei por me deixar dominar pelo sono e não retive qualquer memória significativa do concerto. No que à minha percepção diz respeito, estava tudo a acontecer muito longe (literal e figuradamente).
Posto isto, energias recobradas e era chegada a hora do tal momento alto: os Oneida. Tanto pela escassez das actuações da banda como pelo amor & dedicação que eu lhes devoto já há tantos anos, este concerto era, logo à partida, um acontecimento singular e virtualmente único. Mais ainda, porque, além de cumprirem expectativas, os Oneida excederam-nas como quem vai de Barcelona até Lisboa, com passagem por Sydney e Berlim, e ainda dando um saltinho a Kinshasa e um outro à estratosfera. Tudo à velocidade da luz. Sim, foi assim tão bom.
Não sei se quem os viu, conhecendo o trabalho da banda, estava a espera de um concerto "Secret Wars"/"The Wedding"/"Happy New Year" (fiquei com essa sensação após reparar nalguns semblantes desiludidos por entre o público), não apreciando particularmente o juggernaut psicadélico-experimental que é "Preteen Weaponry", "Rated O", ou mesmo "Each One Teach One". Quanto a mim, que tenho tendência a não dar grande importância à opinião de terceiros, em particular quando se tratam de desconhecidos, parece-me perfeitamente natural que, sendo "Preteen Weaponry" e "Rated O" os últimos trabalhos dos Oneida (agora aumentados e melhorados, com a adição de Barry London e Showtime), o caminho escolhido seja o trilhado nesses mesmos discos. E não só foi esse o rumo seguido, como também foi executado com mestria soberba, resultando num dos melhores concertos que os Oneida poderiam dar. O melhor concerto que qualquer banda poderia, ou gostaria, dar. Sim, foi assim tão bom.
Uma ceifeira-debulhadora bem oleada, um tanque de guerra que arrasta tudo à sua frente, um TGV a 300 quilómetros à hora, um Concorde que acaba de quebrar a barreira do som, assim são os Oneida ao vivo. E o meu querido Kid Millions, que deus o abençoe, imparável na bateria. Meia hora, contei-a eu, pounding the skins nonstop. E Hanoi Jane, a abrir a goela como se não houvesse amanhã. E tudo o resto. E mais ainda... Verdadeiramente assombroso! Sem dúvida, mais uma a juntar à lista de coisas a fazer antes de morrer. Sim, foi ASSIM tão bom!
Foi assim, extasiados e satisfeitos, que nos dirigimos ao palco ATP. Próxima paragem: Liars. Perante um anfiteatro a rebentar pelas costuras, lá nos resignámos a um assento mal amanhado na 'cadeia montanhosa' adjacente. Daí assistimos à prestação dos nossos mentirosos preferidos que, quanto a mim, possuem aquela rara qualidade, que partilham com o vinho do Porto: melhoram com a idade (sim, e também são inebriantes). Das várias vezes que os vi ao vivo, e já foram algumas, cada vez me soaram melhor. E o mais extraordinário é que, logo na primeira já me tinham soado muito bem. É obra! Ainda assim, não obstante o nosso agrado perante a actuação dos Liars, acabámos por nos render ao desconforto e fraca visibilidade do nosso assento e lá fomos nós, derrotados e desolados, rumo ao palco Estrella Damm. Pelo caminho, uma espreitadela a Deerhunter, que já actuavam no Rockdelux. Ou melhor, pensávamos nós que iríamos dar uma espreitadela a Bradford Cox e Cia., mas perante a realidade de mais uma plateia e repectivo anfiteatro cheios que nem sardinha em lata, nem sequer tentámos uma aproximação. Apenas alguns acordes ao longe e de passagem, e acho que ainda consegui vislumbrar o rosto de Cox projectado no grande-ecrã. Pronto, resumiu-se a isto a nossa experiência deerhunteriana no Primavera.
Mas dizia eu: Estrella Damm. O nosso objectivo era, novamente, a 'caminha' relvada de há umas horas atrás. Pretendíamos assistir à prestação dos Sonic Youth e assim o fizemos. Mesmo tendo sido acometida, embora em menor escala, pelo mesmo mal que me afectou durante o concerto de Neil Young (chama-se doença do sono congénita), ainda me encontrava na posse da maioria das minhas faculdades. Lamento dizer - e aqui os indefectíveis vão ter que me perdoar, mas já em Paredes de Coura tinha ficado com essa ligeira sensação, acabando a mesma por se acentuar no decorrer desta actuação no Primavera - mas os Sonic Youth, pelo menos ao vivo, já que em disco a estória parece ser algo diferente, limitam-se a 'cumprir calendário' e a debitar velhos e novos hits com a mecanização e automação típica de quem faz a mesma coisa há muitos anos, sem grande chama ou vivacidade. Claro que são exímios naquilo que fazem, mas começa a faltar-lhes algo. Trocando por miúdos, não satisfez o meu desejo de requinte. Continuo a achar que eles são capazes de melhor... Ou eram, pelo menos. Quando eram mais jovens e mais frescos.
Com algum amargo de boca, regressámos ao palco ATP, a ver se ainda apanhávamos alguma coisinha dos Gang Gang Dance. Infelizmente, já só conseguimos assistir aos últimos dois ou três temas interpretados, o que foi realmente uma pena. Do pouco a que assistimos, apercebemo-nos ser GGD no seu melhor, uma verdadeira celebração tribal e ritualista, com especial enfoque em "Saint Dymphna", um dos grandes discos de 2008. Lamentável mesmo é termos trocado isto por uns Sonic Youth morninhos e insossos... Serviu-nos de lição.
Tendo mais algum tempo livre para queimar, resolvemos dar um salto ao palco Ray-Ban Vice para espreitar os The Soft Pack (ex-The Muslims). Banda que se pode enquadrar num certo rock n' roll revivalista, não nos impressionou por aí além. Muita pose e muita afectação em palco, mas muito pouco conteúdo. Como é apanágio, aliás, de muitos dos praticantes deste ressurgimento.
Restava-nos assim fechar o dia com chave de ouro, o que aconteceu pela mão dos Black Lips. Não obstante a hora tardia (3h da manhã, mais coisa menos coisa) e o muito cansaço, a festa aparvalhada e debochada que é um concerto dos Black Lips convida à diversão de todos os presentes. E quem somos nós para contrariar. É até cair para o lado, que depois há um ano inteiro para recuperar!
Top 3 do dia:
1. Oneida
2. Jesu
3. Shearwater
No próximo, e último, capítulo: Dia 31, a despedida.
Antes disso houve tempo ainda para uma estreia no Parc Joan Miró, onde decorrem alguns concertos de entrada livre integrados no Primavera Sound. A nossa missão consistia em presenciar ao vivo e a cores a uma das tão afamadas actuações dos Ponytail, já que não tínhamos tido oportunidade de os ver dois dias antes no fórum. Devo admitir que, neste caso, o hype é mais que justificado. A energia, jovialidade e boa disposição da vocalista Molly Siegel em particular (um pequeno duende saltitante, que aparenta ter qualquer coisa entre os 10 e os 13 anos), e dos restantes elementos da banda em geral são verdadeiramente contagiantes. E aquela sonoridade de cariz arty-esquizofrénico, aliada ao tempo quente e solarengo que se fazia sentir à hora de almoço, convidava à diversão despreocupada e ao movimento corporal espasmódico e descompassado. Um excelente aperitivo para abrir o apetite para os concertos da tarde. Refira-se ainda que este foi o nosso momento 'curtir a música com as estrelas' do festival, já que a Marniezinha também se encontrava lá pelo meio do público.
Posto isto, após dar uma volta pela zona de Montjuïc e reconfortar o estômago, as nossas duas personagens mitológicas preparam-se então para dar entrada no recinto do Monte Olimpo... Perdão, do fórum. O sol marcava as seis da tarde, mais coisa menos coisa, e o objectivo era o palco Pitchfork. Foi para aí que prontamente nos dirigimos, para assistir à prestação dos Shearwater. Se o ano passado tínhamos tido Okkervil River, este ano era a vez dos Shearwater, projecto de Will Sheff (actual Okkervil e ex-Shearwater) e de Jonathan Meiburg (actual Shearwater e ex-Okkervil) brilharem. E de que forma magnífica eles brilharam!, com as suas belíssimas melodias, ora delicadas, ora tempestuosas, capazes de suscitar em nós sentimentos profundos que nem sabíamos possuir, ou mesmo de comover os corações mais empedernidos. Um momento simultaneamente impressionante e compungente, e, sem dúvida, um fabuloso início de dia.
Mas, como é habitual nestas andanças, não pudemos ficar até ao final uma vez que estava na hora de zarpar rumo ao palco ATP para um dos concertos mais aguardados do dia: os Jesu. A coisa começou a meio-gás, mas foi melhorando à medida que Justin Broadrick e Diarmuid Dalton iam desfiando os seus temas, numa progressão crescentemente industrializada e monolítica, que acabou por me parecer bastante lógica e coerente. Por outro lado, se hora vespertina a que decorreu o concerto não ajudou à performance que Broadrick teria preparado, em minha modesta opinião, aquele quase-pôr-do-sol acabou por resultar numa experiência bastante agradável, apenas pouco habitual numa actuação de Jesu. Em suma, talvez não tenha sido o 'concerto ideal' da banda, mas certamente que não desiludiu.
De volta ao palco Pitchfork para uma visita de médico aos canadianos Plants & Animals. Indie rock com os olhos postos no passado, algumas influências folk e uma boa transposição para o palco, interessante q.b., ainda assim não o suficiente para nos prender a atenção durante muito tempo, já que o cansaço acumulado começava a fazer-se sentir, e pretendíamos ainda guardar uma réstia de energia para o grande momento do dia e, quiçá, desta edição do festival. E foi assim que fizémos algo que nunca julgámos possível durante um Primavera Sound: descansar, abancar na relva e esticar o corpinho na horizontal. Para o efeito escolhemos o suave declive relvado do fórum, com uma vista privilegiada sobre o mar e sobre o palco Estrella Damm. Foi daí que assistimos à prestação desse dinossáurio que dá pelo nome de Neil Young. Como nunca fui das maiores apreciadoras do trabalho de Young, acabei por me deixar dominar pelo sono e não retive qualquer memória significativa do concerto. No que à minha percepção diz respeito, estava tudo a acontecer muito longe (literal e figuradamente).
Posto isto, energias recobradas e era chegada a hora do tal momento alto: os Oneida. Tanto pela escassez das actuações da banda como pelo amor & dedicação que eu lhes devoto já há tantos anos, este concerto era, logo à partida, um acontecimento singular e virtualmente único. Mais ainda, porque, além de cumprirem expectativas, os Oneida excederam-nas como quem vai de Barcelona até Lisboa, com passagem por Sydney e Berlim, e ainda dando um saltinho a Kinshasa e um outro à estratosfera. Tudo à velocidade da luz. Sim, foi assim tão bom.
Não sei se quem os viu, conhecendo o trabalho da banda, estava a espera de um concerto "Secret Wars"/"The Wedding"/"Happy New Year" (fiquei com essa sensação após reparar nalguns semblantes desiludidos por entre o público), não apreciando particularmente o juggernaut psicadélico-experimental que é "Preteen Weaponry", "Rated O", ou mesmo "Each One Teach One". Quanto a mim, que tenho tendência a não dar grande importância à opinião de terceiros, em particular quando se tratam de desconhecidos, parece-me perfeitamente natural que, sendo "Preteen Weaponry" e "Rated O" os últimos trabalhos dos Oneida (agora aumentados e melhorados, com a adição de Barry London e Showtime), o caminho escolhido seja o trilhado nesses mesmos discos. E não só foi esse o rumo seguido, como também foi executado com mestria soberba, resultando num dos melhores concertos que os Oneida poderiam dar. O melhor concerto que qualquer banda poderia, ou gostaria, dar. Sim, foi assim tão bom.
Uma ceifeira-debulhadora bem oleada, um tanque de guerra que arrasta tudo à sua frente, um TGV a 300 quilómetros à hora, um Concorde que acaba de quebrar a barreira do som, assim são os Oneida ao vivo. E o meu querido Kid Millions, que deus o abençoe, imparável na bateria. Meia hora, contei-a eu, pounding the skins nonstop. E Hanoi Jane, a abrir a goela como se não houvesse amanhã. E tudo o resto. E mais ainda... Verdadeiramente assombroso! Sem dúvida, mais uma a juntar à lista de coisas a fazer antes de morrer. Sim, foi ASSIM tão bom!
Foi assim, extasiados e satisfeitos, que nos dirigimos ao palco ATP. Próxima paragem: Liars. Perante um anfiteatro a rebentar pelas costuras, lá nos resignámos a um assento mal amanhado na 'cadeia montanhosa' adjacente. Daí assistimos à prestação dos nossos mentirosos preferidos que, quanto a mim, possuem aquela rara qualidade, que partilham com o vinho do Porto: melhoram com a idade (sim, e também são inebriantes). Das várias vezes que os vi ao vivo, e já foram algumas, cada vez me soaram melhor. E o mais extraordinário é que, logo na primeira já me tinham soado muito bem. É obra! Ainda assim, não obstante o nosso agrado perante a actuação dos Liars, acabámos por nos render ao desconforto e fraca visibilidade do nosso assento e lá fomos nós, derrotados e desolados, rumo ao palco Estrella Damm. Pelo caminho, uma espreitadela a Deerhunter, que já actuavam no Rockdelux. Ou melhor, pensávamos nós que iríamos dar uma espreitadela a Bradford Cox e Cia., mas perante a realidade de mais uma plateia e repectivo anfiteatro cheios que nem sardinha em lata, nem sequer tentámos uma aproximação. Apenas alguns acordes ao longe e de passagem, e acho que ainda consegui vislumbrar o rosto de Cox projectado no grande-ecrã. Pronto, resumiu-se a isto a nossa experiência deerhunteriana no Primavera.
Mas dizia eu: Estrella Damm. O nosso objectivo era, novamente, a 'caminha' relvada de há umas horas atrás. Pretendíamos assistir à prestação dos Sonic Youth e assim o fizemos. Mesmo tendo sido acometida, embora em menor escala, pelo mesmo mal que me afectou durante o concerto de Neil Young (chama-se doença do sono congénita), ainda me encontrava na posse da maioria das minhas faculdades. Lamento dizer - e aqui os indefectíveis vão ter que me perdoar, mas já em Paredes de Coura tinha ficado com essa ligeira sensação, acabando a mesma por se acentuar no decorrer desta actuação no Primavera - mas os Sonic Youth, pelo menos ao vivo, já que em disco a estória parece ser algo diferente, limitam-se a 'cumprir calendário' e a debitar velhos e novos hits com a mecanização e automação típica de quem faz a mesma coisa há muitos anos, sem grande chama ou vivacidade. Claro que são exímios naquilo que fazem, mas começa a faltar-lhes algo. Trocando por miúdos, não satisfez o meu desejo de requinte. Continuo a achar que eles são capazes de melhor... Ou eram, pelo menos. Quando eram mais jovens e mais frescos.
Com algum amargo de boca, regressámos ao palco ATP, a ver se ainda apanhávamos alguma coisinha dos Gang Gang Dance. Infelizmente, já só conseguimos assistir aos últimos dois ou três temas interpretados, o que foi realmente uma pena. Do pouco a que assistimos, apercebemo-nos ser GGD no seu melhor, uma verdadeira celebração tribal e ritualista, com especial enfoque em "Saint Dymphna", um dos grandes discos de 2008. Lamentável mesmo é termos trocado isto por uns Sonic Youth morninhos e insossos... Serviu-nos de lição.
Tendo mais algum tempo livre para queimar, resolvemos dar um salto ao palco Ray-Ban Vice para espreitar os The Soft Pack (ex-The Muslims). Banda que se pode enquadrar num certo rock n' roll revivalista, não nos impressionou por aí além. Muita pose e muita afectação em palco, mas muito pouco conteúdo. Como é apanágio, aliás, de muitos dos praticantes deste ressurgimento.
Restava-nos assim fechar o dia com chave de ouro, o que aconteceu pela mão dos Black Lips. Não obstante a hora tardia (3h da manhã, mais coisa menos coisa) e o muito cansaço, a festa aparvalhada e debochada que é um concerto dos Black Lips convida à diversão de todos os presentes. E quem somos nós para contrariar. É até cair para o lado, que depois há um ano inteiro para recuperar!
Top 3 do dia:
1. Oneida
2. Jesu
3. Shearwater
No próximo, e último, capítulo: Dia 31, a despedida.