primavera sound em converseta - pt. V
Dia 31, a despedida. Mais um ano, mais uma prova Primavera Sound cumprida. Desta feita, tivémos a felicidade de poder usufruir de alguns concertos extra-fórum e, como tal, a nossa edição do festival terminou um dia mais tarde do que a da maioria.
Como já vem sendo hábito, no dia após o encerramento do fórum aos festivaleiros, há a costumeira festa de comiat na Sala Apolo, que se estende à sua subterrânea La [2]. Devo dizer que aqui, e neste dia em particular, os pontos de interesse não eram muitos. Em concreto, era apenas um, mas mais que suficiente para nos fazer atravessar o Raval a meio da noite. Falo dos Duchess Says, a banda-sensação canadiana, numa altura em que o Canadá já não exporta bandas-sensação como antigamente.
Ora chegados à Apolo lá nos posicionámos na frente do palco, de onde assistimos a uma salutar e demente demonstração de "moog rock", como os próprios lhe chamam, que nos provou, se dúvidas restassem, porque é que eles são uma banda-sensação.
Annie-Claude, a vocalista, com a sua adorável pronúncia de franco-canadiana é, usando um eufemismo, um portento. A frontwoman por excelência. Os restantes elementos da banda acompanham-na bem, mas limitam-se a tecer o tapete sonoro que ela pisa. Falamos de Duchess Says ao vivo apenas quando falamos de Annie-Claude. A mulher de olhar tresloucado, imparável em palco, que ora está a interagir com o público, ora se encontra absorta nas suas danças robóticas. E é incrível a sua simpatia, e o seu à vontade e a empatia gerada com o público, que aceita de bom grado carregá-la em braços ou às cavalitas, participar na sua dança colectiva improvisada na plateia, ou mesmo ser aspergido pela sua cerveja. Ainda hoje o botão de zoom da minha fiel Olympus X-790 se ressente de uma dessas borrifadelas, mas tudo está perdoado. Porque a uma mulher que nos consegue proporcionar 45 minutos da mais pura diversão, que nos consegue rasgar um sorriso de satisfação e deleite de orelha a orelha, e mantê-lo lá durante três quartos de hora - como Annie-Claude consegue - tudo se perdoa.
Um balanço final. Se é verdade que não há duas Primaveras iguais, e que qualquer Primavera é uma boa Primavera, mais verdade ainda será que não há Primavera como a primeira.
Seja pela antecipação e excitação inerentes a qualquer primeira vez, seja por considerar que o cartaz do ano passado talvez fosse um pouco mais forte, a verdade é que a edição de 2008 do Primavera Sound teve em mim um maior impacto. A esta de 2009 faltou-lhe o factor surpresa, o que não deixa de ser perfeitamente natural. Faltou-lhe o banho de Mediterrâneo dos Man Man, o extâse que é ver uns Shellac pela primeira vez, a invasão do palco pela horda no final dos Holy Fuck, a satisfação absoluta que é ver os Menomena ao vivo, o PA quase a rebentar com os Boris, o delírio noise dos Fucked Up, a majestade de um Bon Iver ou de uns Okkervil River, o murro nos queixos que são os Health, o rock comme il faut dos Kinski, os Om apenas por serem os Om, a candura de WHY?, a crueza dos Pissed Jeans, a festa colectiva e concerto de uma vida que são os Les Savy Fav... Mas aqui estou a ser injusta, em 2009 também houve muita coisa boa, tão boa como qualquer outra de 2008: Oneida (grande, grande!), sunn 0))), Marnie Stern, Zu, Dälek, The Jesus Lizard, Dead Meadow, Jay Reatard, Jesu, Bat for Lashes, Liars, Lightning Bolt, Gang Gang Dance, Art Brut, Shearwater, Black Lips, Ponytail, Duchess Says, Magik Markers, Fucked Up, ou mesmo a birrinha cómica e estupidamente empolada do puto Wavves.
Mais alguns pontos positivos a reter desta edição do Primavera: a mudança do palco ao "fundo da escadaria" para um local bem mais cómodo e de fácil acesso e os concertos na Sala Apolo e no Parc Joan Miró (uma experiência que tencionamos repetir em edições futuras).
Pela negativa, realço apenas os preços de bebidas e alimentação no interior do recinto, cada vez mais exorbitantes.
All in all, foi, mais uma vez, uma experiência francamente boa. Sim, o saldo é novamente bastante positivo, mas outra coisa não seria de esperar. Afinal, bons cartazes fazem bons concertos.
Epílogo: Custou mas foi! Até daqui a seis meses...
Para aqueles que, tal como eu, andam meio perdidos no contínuo espaço-tempo, e uma vez que a função de pesquisa do nAnha padece da travadinha, fica aqui um apanhado deste report:
Imagens:
II
III
IV
V
Vídeos:
I
II
III
IV
V
Converseta:
I
II
III
IV
V (esta posta que tendes em vossas mãos)
Como já vem sendo hábito, no dia após o encerramento do fórum aos festivaleiros, há a costumeira festa de comiat na Sala Apolo, que se estende à sua subterrânea La [2]. Devo dizer que aqui, e neste dia em particular, os pontos de interesse não eram muitos. Em concreto, era apenas um, mas mais que suficiente para nos fazer atravessar o Raval a meio da noite. Falo dos Duchess Says, a banda-sensação canadiana, numa altura em que o Canadá já não exporta bandas-sensação como antigamente.
Ora chegados à Apolo lá nos posicionámos na frente do palco, de onde assistimos a uma salutar e demente demonstração de "moog rock", como os próprios lhe chamam, que nos provou, se dúvidas restassem, porque é que eles são uma banda-sensação.
Annie-Claude, a vocalista, com a sua adorável pronúncia de franco-canadiana é, usando um eufemismo, um portento. A frontwoman por excelência. Os restantes elementos da banda acompanham-na bem, mas limitam-se a tecer o tapete sonoro que ela pisa. Falamos de Duchess Says ao vivo apenas quando falamos de Annie-Claude. A mulher de olhar tresloucado, imparável em palco, que ora está a interagir com o público, ora se encontra absorta nas suas danças robóticas. E é incrível a sua simpatia, e o seu à vontade e a empatia gerada com o público, que aceita de bom grado carregá-la em braços ou às cavalitas, participar na sua dança colectiva improvisada na plateia, ou mesmo ser aspergido pela sua cerveja. Ainda hoje o botão de zoom da minha fiel Olympus X-790 se ressente de uma dessas borrifadelas, mas tudo está perdoado. Porque a uma mulher que nos consegue proporcionar 45 minutos da mais pura diversão, que nos consegue rasgar um sorriso de satisfação e deleite de orelha a orelha, e mantê-lo lá durante três quartos de hora - como Annie-Claude consegue - tudo se perdoa.
Um balanço final. Se é verdade que não há duas Primaveras iguais, e que qualquer Primavera é uma boa Primavera, mais verdade ainda será que não há Primavera como a primeira.
Seja pela antecipação e excitação inerentes a qualquer primeira vez, seja por considerar que o cartaz do ano passado talvez fosse um pouco mais forte, a verdade é que a edição de 2008 do Primavera Sound teve em mim um maior impacto. A esta de 2009 faltou-lhe o factor surpresa, o que não deixa de ser perfeitamente natural. Faltou-lhe o banho de Mediterrâneo dos Man Man, o extâse que é ver uns Shellac pela primeira vez, a invasão do palco pela horda no final dos Holy Fuck, a satisfação absoluta que é ver os Menomena ao vivo, o PA quase a rebentar com os Boris, o delírio noise dos Fucked Up, a majestade de um Bon Iver ou de uns Okkervil River, o murro nos queixos que são os Health, o rock comme il faut dos Kinski, os Om apenas por serem os Om, a candura de WHY?, a crueza dos Pissed Jeans, a festa colectiva e concerto de uma vida que são os Les Savy Fav... Mas aqui estou a ser injusta, em 2009 também houve muita coisa boa, tão boa como qualquer outra de 2008: Oneida (grande, grande!), sunn 0))), Marnie Stern, Zu, Dälek, The Jesus Lizard, Dead Meadow, Jay Reatard, Jesu, Bat for Lashes, Liars, Lightning Bolt, Gang Gang Dance, Art Brut, Shearwater, Black Lips, Ponytail, Duchess Says, Magik Markers, Fucked Up, ou mesmo a birrinha cómica e estupidamente empolada do puto Wavves.
Mais alguns pontos positivos a reter desta edição do Primavera: a mudança do palco ao "fundo da escadaria" para um local bem mais cómodo e de fácil acesso e os concertos na Sala Apolo e no Parc Joan Miró (uma experiência que tencionamos repetir em edições futuras).
Pela negativa, realço apenas os preços de bebidas e alimentação no interior do recinto, cada vez mais exorbitantes.
All in all, foi, mais uma vez, uma experiência francamente boa. Sim, o saldo é novamente bastante positivo, mas outra coisa não seria de esperar. Afinal, bons cartazes fazem bons concertos.
Epílogo: Custou mas foi! Até daqui a seis meses...
Para aqueles que, tal como eu, andam meio perdidos no contínuo espaço-tempo, e uma vez que a função de pesquisa do nAnha padece da travadinha, fica aqui um apanhado deste report:
Imagens:
II
III
IV
V
Vídeos:
I
II
III
IV
V
Converseta:
I
II
III
IV
V (esta posta que tendes em vossas mãos)