o mundo em geral e os concertos em particular
Há alturas em que uma pessoa anda sem pachorra para a blogosfera. Outras há em que a pachorra e disposição abundam, mas o tempo escasseia. Nos últimos dias vontade não me tem faltado, mas a falta de tempo não me tem dado grande margem de manobra, de forma que optei por deixar a bloguice, ainda que temporariamente, de parte. E depois é o que se vê. O blogue pára, mas o mundo continua a girar.
Resumidamente, eis dois acontecimentos que tiveram lugar neste interregno e que gostaria de destacar...
Agora compreendo, embora não aceite, a indiferença com que a maioria dos concertos são recebidos por certos públicos estrangeiros. Vejamos o exemplo dos britânicos. Não há banda que não passe por terras de sua majestade, concertos é coisa que não falta, dia-sim dia-sim, ou mesmo a acontecer em simultâneo, de tal forma que o mais difícil será mesmo seleccionar quais os que iremos ver e quais é que ficam pelo caminho. Devo admitir que nos últimos dois ou três anos me tenho sentido um bocado 'inglesa' neste aspecto. O que não só tem significado um considerável aumento na oferta de concertos de qualidade em Portugal, como também coincidiu com o início das minhas deslocações ao estrangeiro com o objectivo de assistir a concertos.
Se o actual panorama da música ao vivo aqui no rectângulo tem a aparência de ouro sobre azul (que o é, de facto), há uma, quanto a mim, única contrapartida digna de nota. Com tanta oferta, é natural que, a determinada altura, os concertos passem a ser recebidos cá com alguma apatia e uma atitude do tipo "olha, mais um...", como já são lá fora. Pesando prós e contras numa balança, o prato continua a pender para o lado da proliferação dos concertos no nosso país. Ainda assim, não me consigo livrar da sensação sempre presente que, depois de nos últimos tempos ter visto tantos e tão bons concertos, é cada vez mais difícil, como se de um fenómeno de dessensibilização se tratasse, encontrar um que me agrade verdadeiramente, a não ser que seja realmente excepcional.
Foi por isso com grande agrado que dei por mim a achar o concerto de Russian Circles e Katabatic no MusicBox, no passado dia 14, tremendamente bom. Realmente excepcional, mesmo. Daqueles de que se gosta incondicional e espontaneamente, que faz vibrar sintonicamente as fundações mais profundas do nosso ser.
Não é segredo nenhum que os Katabatic são uma banda muito cara para mim, mas houve neste concerto a nítida demonstração de um trabalho constante, cada vez mais árduo e conseguido, de uma afinação de ideias que vêm sendo congeminadas ao longo de anos, e que agora atingem a sua forma última e quase-perfeita. Tudo isto expresso no poderosíssimo novo tema interpretado, bem como na maior depuração dos temas já conhecidos e no maior entrosamento entre os elementos e a sua música. Agora, mais do que nunca, tenho a plena convicção que, ao seguirem este caminho, os Katabatic irão muito longe.
Já os Russian Circles são uma banda que, em disco, não me eleva aos píncaros, mas em concerto é o que se vê. Especialmente agora que Brian Cook já está perfeitamente à vontade no papel de baixista. Ao vivo, o resultado é irrepreensivelmente coeso, uma majestosa parede de som que deita qualquer um por terra. Já em 2008 tinha sido muito bom, agora foi ainda melhor.
Quem é que disse que já não se faz boa música em Portugal??
Löbo a abrir para Mono, Katabatic a abrir para Russian Circles e agora Black Bombaim e Mamute na ZdB, no passado dia 19. Passa-se algo de muito entusiasmante com a música Portuguesa.
Conhecia Black Bombaim só de ouvir o burburinho que os rodeava. Por um lado ainda bem que não fui conferir ao MySpace, pois a surpresa foi muito mais agradável. Aliás, acho nada nos poderia preparar para a a demonstração de poder, virtuosismo, criatividade e despretensiosismo (sempre grato) que é Black Bombaim ao vivo. Fazem corar de vergonha muito boa banda, nacional ou internacional, que para aí anda.
Os Mamute têm as ideias e a vontade. Agora só lhes falta amadurecer as primeiras e trabalhar com afinco a segunda. Mas estão quase lá, o resto é apenas uma questão de tempo.
Pois bem, quem disse que já não se faz boa música em Portugal só pode ser um grandessíssimo e refinadíssimo nabo, na medida em que os nabos não têm orgãos auditivos.
(Mais evidências já em seguida...)
Resumidamente, eis dois acontecimentos que tiveram lugar neste interregno e que gostaria de destacar...
Agora compreendo, embora não aceite, a indiferença com que a maioria dos concertos são recebidos por certos públicos estrangeiros. Vejamos o exemplo dos britânicos. Não há banda que não passe por terras de sua majestade, concertos é coisa que não falta, dia-sim dia-sim, ou mesmo a acontecer em simultâneo, de tal forma que o mais difícil será mesmo seleccionar quais os que iremos ver e quais é que ficam pelo caminho. Devo admitir que nos últimos dois ou três anos me tenho sentido um bocado 'inglesa' neste aspecto. O que não só tem significado um considerável aumento na oferta de concertos de qualidade em Portugal, como também coincidiu com o início das minhas deslocações ao estrangeiro com o objectivo de assistir a concertos.
Se o actual panorama da música ao vivo aqui no rectângulo tem a aparência de ouro sobre azul (que o é, de facto), há uma, quanto a mim, única contrapartida digna de nota. Com tanta oferta, é natural que, a determinada altura, os concertos passem a ser recebidos cá com alguma apatia e uma atitude do tipo "olha, mais um...", como já são lá fora. Pesando prós e contras numa balança, o prato continua a pender para o lado da proliferação dos concertos no nosso país. Ainda assim, não me consigo livrar da sensação sempre presente que, depois de nos últimos tempos ter visto tantos e tão bons concertos, é cada vez mais difícil, como se de um fenómeno de dessensibilização se tratasse, encontrar um que me agrade verdadeiramente, a não ser que seja realmente excepcional.
Foi por isso com grande agrado que dei por mim a achar o concerto de Russian Circles e Katabatic no MusicBox, no passado dia 14, tremendamente bom. Realmente excepcional, mesmo. Daqueles de que se gosta incondicional e espontaneamente, que faz vibrar sintonicamente as fundações mais profundas do nosso ser.
Não é segredo nenhum que os Katabatic são uma banda muito cara para mim, mas houve neste concerto a nítida demonstração de um trabalho constante, cada vez mais árduo e conseguido, de uma afinação de ideias que vêm sendo congeminadas ao longo de anos, e que agora atingem a sua forma última e quase-perfeita. Tudo isto expresso no poderosíssimo novo tema interpretado, bem como na maior depuração dos temas já conhecidos e no maior entrosamento entre os elementos e a sua música. Agora, mais do que nunca, tenho a plena convicção que, ao seguirem este caminho, os Katabatic irão muito longe.
Já os Russian Circles são uma banda que, em disco, não me eleva aos píncaros, mas em concerto é o que se vê. Especialmente agora que Brian Cook já está perfeitamente à vontade no papel de baixista. Ao vivo, o resultado é irrepreensivelmente coeso, uma majestosa parede de som que deita qualquer um por terra. Já em 2008 tinha sido muito bom, agora foi ainda melhor.
Quem é que disse que já não se faz boa música em Portugal??
Löbo a abrir para Mono, Katabatic a abrir para Russian Circles e agora Black Bombaim e Mamute na ZdB, no passado dia 19. Passa-se algo de muito entusiasmante com a música Portuguesa.
Conhecia Black Bombaim só de ouvir o burburinho que os rodeava. Por um lado ainda bem que não fui conferir ao MySpace, pois a surpresa foi muito mais agradável. Aliás, acho nada nos poderia preparar para a a demonstração de poder, virtuosismo, criatividade e despretensiosismo (sempre grato) que é Black Bombaim ao vivo. Fazem corar de vergonha muito boa banda, nacional ou internacional, que para aí anda.
Os Mamute têm as ideias e a vontade. Agora só lhes falta amadurecer as primeiras e trabalhar com afinco a segunda. Mas estão quase lá, o resto é apenas uma questão de tempo.
Pois bem, quem disse que já não se faz boa música em Portugal só pode ser um grandessíssimo e refinadíssimo nabo, na medida em que os nabos não têm orgãos auditivos.
(Mais evidências já em seguida...)