ano novo, chaparia nova, o blogue é que é o mesmo e por aqui continua a arrastar o seu cadáver
2010 foi uma merda. Não há forma delicada de o dizer. A coisa nem começou mal de todo, tinha acabado de sair de um projecto que me levava aos limiares da loucura dia-sim-dia-sim (e, consequentemente, tinha-me finalmente conseguido afastar de pessoas com as quais não desejo voltar a ter qualquer tipo de ligação académica e/ou profissional) e tinha iniciado um outro, com o qual estava sobremaneira entusiasmada. Mas quando me roubaram a carteira, com toda a minha vida lá dentro, no El Prat, regressava eu do Primavera Sound, devia ter logo desconfiado que este não iria ser um bom ano - pelo menos, o que dele faltava. E assim foi.
O novo projecto provou que afinal não era a oitava maravilha, os resultados não eram os esperados. Ou não eram os que desejávamos. Talvez tivéssemos sido demasido ambiciosos, mas agora que penso nisso a meses de distância, julgo que fomos apenas extremamente optimistas e confiantes numa espécie de milagre, que poderia ou não acontecer. O entusiasmo esmoreceu, mas o trabalho ia-se fazendo sempre com ânimo, uns dias com melhores resultados, outros com piores. As coisas iam-se aguentando.
E é então que chega o final de Novembro, e aquilo que eu chamo 'a minha série de acontecimentos desagradáveis', todos em estreia absoluta: o meu primeiro acidente de mota, a minha primeira viagem de ambulância, o meu primeiro osso partido, o meu primeiro internamento hospitalar, a minha primeira cirurgia, a minha primeira epidural e subsequente má trip (parto sem dor: não me apanham nessa!), a minha primeira "redução cruenta e osteossíntese com placa de neutralização e parafusos" e, para fechar o círculo, dias antes do Natal, recebo a notícia da morte de uma pessoa que me era querida, e que era muito nova, demasiadamente nova para nos deixar.
Portanto, para quem não tinha ouvido bem à primeira, 2010 foi uma real merda.
Posto isto, 2011 tem tudo para ser um bom ano. Quanto mais não seja, por comparação com o anterior. Será o ano em que, finalmente, irei terminar a tese de mestrado e este blogue irá voltar à glória de antigamente, em que irei (eventualmente) voltar a andar normalmente, em que o meu pé irá (eventualmente) deixar de inchar e desinchar como um balão insuflável, em que substituirei a minha linda carteira roubada por outra, ainda mais linda. Tem tudo para dar certo. Certo? Errado, ainda o ano mal tinha começado e já dois acontecimentos me tiravam o bom humor, acerca dos quais não me irei aqui alongar, pois já chega de recordar tristezas por hoje. E, seja como for, muita coisa acontece em 339 dias - muita e, espera-se, boa.
Fale-se então de coisas mais alegres. Da música que nos aquece a alma, por exemplo. Das poucas coisas boas de 2010. O tempo escasseou, mas dois meses em casa de pata no ar deram, ao menos, para recuperar muita da matéria perdida. Para os concertos sempre se arranjavam umas horinhas. Em breve publicarei por aqui algumas impressões relativas ao Supersonic e seguem-se links para os vídeos de alguns dos últimos concertos do ano:
Part Chimp @ O Meu Mercedes, 13.09: (1) (2) (3) (4)
Eels @ Coliseu dos Recreios, 19.09: (1) (2) (3) (4) (5)
Master Musicians of Bukkake @ ZdB, 17.10: (1) (2) (3) (4)
The Walkmen @ Coliseu dos Recreios, 14.11: (1) (2) (3) (4)
Torche + Men Eater @ Santiago Alquimista, 17.11: (1) (2) (3) (4) (5)
Fucked Up + Mr. Miyagi @ ZdB, 18.11: (1) (2) (3) (4) (5) (6)
O habitual round up do que de melhor se fez e aconteceu em termos de música durante 2010 surgirá nos primeiros dias de Fevereiro.
Quanto a 2011, já há discos e concertos sobre os quais conversar. Portanto, prometem-se postas bem mais animadas para breve, assim como - espera-se - uma maior regularidade no débito das mesmas.